UM POUCO DA HISTÓRIA DO SAMBA DE RODA ESTÁ GUARDADA AQUI!

A TRAJÉTÓRIA DE DONA EDITH DO PRATO

01/11/2011 11:32

Cantora e percussionista, Dona Edith do Prato começou como amadora em sua terra natal, Santo Amaro da Purificação, onde sempre foi muito respeitada pela comunidade. Sempre cantou sambas-de-roda da região do recôncavo baiano, quase todas de domínio público. Com timbre característico, fazia samba tocando prato de louça com uma faca.

Sua estréia artística ocorreu no início dos anos 1970, quando, em Feira de Santana, um grupo de teatro amador, convidou os cantores e compositores César e Roberto Mendes, que a levaram a participar do espetáculo. Em 1973, fez uma participação especial no disco "Araçá azul", de Caetano Veloso, interpretando os sambas-de-roda "Viola meu bem", “Marinheiro Só”, e outras músicas de domínio público; por causa desse trabalho, viajou o Brasil inteiro realizando apresentações com Caetano.
Em 1983, participou do disco "Ciclo", de Maria Bethânia, interpretando a chula “Filosofia Pura” e em 1992 voltou a gravar com Caetano no disco “Circuladô”. Paralelo a isso, fez diversas apresentações em importantes eventos na Bahia ao lado de Roberto Mendes e outros artistas da terra.
Em 2002, aos 87 anos gravou o CD "Vozes da Purificação", cujo título também nomeou o grupo de oito senhoras de Santo Amaro, todas septuagenárias, que lhe fizeram o coro no disco e nos shows. Produzido por J. Veloso e lançado inicialmente em uma tiragem comercial restrita, o disco contou com a presença de Maria Bethânia nas faixas "Quem pode mais", "Dona da casa" e "Eu vim aqui", todas de domínio público. Também fazem participações especiais no disco o cantor Caetano Veloso, na faixa "Minha senhora" e o sambista Roque Ferreira na faixa "Ariri vaqueiro". Entre os destaques do disco, as faixas "Raiz", de Roberto Mendes e Jota Velloso e o "Hino de Nossa Senhora da Purificação", de Carlos Sepúlveda. O CD "Vozes da Purificação" foi lançado comercialmente em 2003, pelo selo Quitanda, criado por Maria Bethânia e Kati Almeida Braga.

Dona Edith do Prato será sempre lembrada pela classe artística e todos que conheceram de perto o seu trabalho como um ícone sonoro da Bahia, além de ter merecido notas de destaque de diversos críticos da Música Popular Brasileira.
Seu jeito de cantar e tocar o prato fazia lembrar sambistas fundadores do samba carioca, que também se acompanhavam fazendo destes objetos, verdadeiros instrumentos musicais. Predominava em seu repertório o mais autêntico samba-de-roda de raiz. Esse gênero de samba era cantado e cultivado pelas tias baianas, no Rio de Janeiro, nos anos 1910, antes, portanto do aparecimento do samba carioca. Edith do Prato configurava-se como um elo de preservação da tradição das chulas e dos ritmos do recôncavo, erigindo-se como um patrimônio dessa veia musical popular, valendo sublinhar que, em sua terra, Santo Amaro da Purificação, também nasceu um dos principais fundadores da Escola de Samba Império Serrano, do Rio de Janeiro, o sambista e compositor Mano Décio da Viola. O disco de Dona Edith do Prato, que recebeu o Prêmio Tim de Música como o melhor disco regional de 2004, representa um momento de resgate das tradições musicais populares brasileiras.

 

 

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