UM POUCO DA HISTÓRIA DO SAMBA DE RODA ESTÁ GUARDADA AQUI!

Release Dona Edith do Prato

06/11/2011 22:06

DONA EDITH DO PRATO

 

Ela sempre gostou de dança e música. Ainda menina, costumava improvisar um samba-de-roda com as irmãs e as primas. O ritmo vinha de uma cuia de queijo, que a criatividade de sambista transformou em seu primeiro instrumento musical. Ela trocou a cuia pelo prato e a faca, de onde saia uma cadência forte, natural, com um jeito caseiro de quem nasceu e se criou com o samba.

Edith Oliveira Nogueira (ou simplesmente, Dona Edith do Prato) ficou famosa, mas achava graça das pessoas que admiram seu trabalho e a forma de tocar o prato.

Edith do Prato nasceu em Santo Amaro, Recôncavo Baiano, onde viveu por toda vida. Sempre alegre, não deixava que seu samba acabasse. Sempre que era convidada para fazer uma apresentação, lá estava ela! Nunca rejeitava os convites para animar festas e ainda arranjava tempo para cumprir as obrigações do santo. Filha de Oxum, dona Edith arrumou por diversos anos o balaio para a festa do “Bembé do Mercado”, no dia 13 de Maio. Todo ano, preparava também, por obrigação, uma mesa de doces e um bolo confeitado para oferecer ao seu orixá.

Na Festa da Purificação, Dona Edith do Prato ia para o bagacinho, compondo a mesa com Caetano Veloso, Dona Canô e Maria Bethânia, num canto animado da festa de largo, ao lado da igreja.

 

  “NESTE PRATO NÃO SE COME, ESSE PRATO É PRA SAMBAR”

 

A fama de Dona Edith do Prato começou em 1973 com o disco Araçá Azul, de Caetano Veloso, que teve a idéia de convidá-la para gravar com ele neste antológico disco e lhe propôs que o acompanhasse em shows pelo Brasil a fora. O primeiro show foi no Teatro Castro Alves em Salvador, com Caetano, Chico Buarque e o MPB-4. Depois vieram os espetáculos no Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória do Espírito Santo. Com essas andanças, conheceu muitos artistas, fez muitas amizades famosas como Jair Rodrigues, Wanderléa, Martinho da Vila, Alcione, Nana Caymmi, Gal Costa e outros grandes nomes da música brasileira.

Nas apresentações com Caetano, Dona Edith chegava a cantar cerca de 15 sambas sem parar. Ela também estava muito presente na carreira de Roberto Mendes, outro grande artista da terra, pois, participou de alguns discos do músico, inclusive na canção mais conhecida do conterrâneo, a bela "Só se vê na Bahia". Apresentou-se também por duas ocasiões no Percpam (Panorama Percussivo Mundial), em 1996 e 1998, ao lado de Gilberto Gil e Maria Bethânia, respectivamente...

Acostumada a freqüentar rodas de samba desde menina, a "DAMA DO SAMBA DO RECÔNCAVO" tinha o desejo de eternizar num disco as cantigas que sempre cantou.  Este sonho concretizou-se com o lançamento do seu CD “Vozes da Purificação”, lançado nacionalmente pelo selo Quitanda (Biscoito Fino),  no qual Dona Edith passeia por um delicioso repertório de sambas de raiz acompanhada por um grupo de senhoras de Santo Amaro, contando ainda com a participação de Maria Bethânia, Caetano Veloso e outros artistas. Com este CD, Dona Edith venceu o Prêmio Tim 2004 na categoria Melhor Disco Regional. Aos 90 anos, Dona Edith do Prato, que era viúva, teve dois filhos e duas netas, dizia que não esperava mais fazer tanto sucesso. Ficou um pouco assustada com o assédio, mas adorou tudo que viveu...                                    

 

                                                                      Por Ninho Nascimento

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